Sim, contrariando muitos (incluindo minhas ex-professoras da
Unisinos, alguns seres tidos com intelectos avantajados e outros metidos), este
é um texto para falar bem sobre a obra “Cinquenta tons de cinza”.
A primeira coisa que me chamou a atenção na leitura é o fato
de a personagem Anastasia Steele nunca falar só por ela mesma. Explico: ela
sempre dá a opinião dela assim que algo ocorre, mas, ao mesmo tempo, tem o
retorno de seu inconsciente e de sua deusa interior. Vou exemplificar sem
colocar um trecho do livro (vou inventar):
Christian olhou bravo para mim, e eu fiquei sem reação,
pensando: “Que droga eu fiz agora?” No canto da sala, meu inconsciente estava
escorado na parede, murmurando para mim: “O que você esperava? Eu tinha lhe
avisado!” Já no interior da sala, em cima da mesa principal, minha deusa
interior dançava como líder de torcida, faceira com as segundas intenções do
dominador”.
Como se nota, é como se tivéssemos três narradores:
Anastasia, seu inconsciente e sua deusa interior (essa última sendo a parte
safada). Três em uma.
Outra coisa interessante é que obras muito complexas cansam
o leitor. E precisamos ler coisas mais fúteis vez que outra. Nem só de
complexidade e desgraça vive a literatura.
Mais uma: a riqueza de Grey, ostentando suas posses,
querendo proporcionar isso a Anastasia. Quem não gosta de ler sobre coisas
ricas? Pobreza cansa! Disso já basta a vida de muitos leitores (incluindo a
minha).
Por fim, a questão do sadomasoquismo não é tão exagerada
assim. Digo até que é bem fraca. Até porque, na medida em que o amor acontece,
Grey parece deixar de ser tão ruim/dominador. Ele passa a ceder.
Enfim, para mim, é uma leitura fútil, mas agradável. Uma
leitura fácil, mas com conflitos psicológicos. Uma leitura que me tira dos
clássicos da literatura que já foram sucesso em suas dadas épocas. Quem garante
que a literatura dos últimos anos (semi-erótica) não esteja nos livros
didáticos? A língua evolui, assim como a literatura. Ficar apegado a velharias
e coisas que, realmente, critiquem problemas sociais é algo nobre, mas não para
mim agora.
Por isso, leiam “Cinquenta tons de cinza”. Mesmo que estejam
com os beiços torcidos, pensem que, para criticar, é preciso conhecer. Se não
gostarem de jeito nenhum, vão para o quarto vermelho da dor e divirtam-se!
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