terça-feira, 10 de junho de 2014

ENSINO | O pacto pela destruição do ensino médio


O governo Dilma, através do Ministério de Educação, em 22 de novembro de 2013, instituiu o Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio. O governo Tarso, através da SEDUC, está impondo o Pacto no Rio Grande do Sul, assim como decretou e impôs a Reforma do Ensino Médio Politécnico no final de 2011, sem debates nas escolas, apenas cumprindo as determinações decretadas de cima para baixo, com o intuito de acabar com a resistência das escolas e consolidar o seu projeto de Ensino Médio Politécnico.

Assim como a Reforma do Ensino Médio Politécnico, o Pacto também faz parte da aplicação do Plano Nacional de Educação (PNE). Este plano dá continuidade às reformas neoliberais na educação pública do país, tendo em vista que patrola a gestão democrática, interfere diretamente na autonomia pedagógica das escolas, praticando assédio moral, um ritmo de trabalho exaustivo, aumentando a carga de trabalho, comprometendo a hora atividade e a saúde dos professores.

Além de não pagar o Piso Salarial, Tarso usa parte do dinheiro (R$ 200,00), isto é, o que os docentes deveriam receber se o piso fosse pago, para subsidiar o Pacto no Estado, enquanto que os supervisores ganham R$ 700,00, com a clara intenção de dividir a classe e garantir a sua implementação, numa típica lógica de empresa privada. Dar “dinheiro extra” nas vésperas da campanha eleitoral demonstra que sempre tiveram verba para pagar o Piso, mas o utilizaram convenientemente para aprovar seus projetos neoliberais e garantir o apoio para a reeleição.

Esta “formação continuada” para os educadores é uma falácia, pois não existe possibilidade real de formação sem a garantia de 1/3 de hora atividade, nem aumento salarial. A pressa do governo Tarso para cumprir o Pacto tem o objetivo de atingir as metas do PNE estabelecidas pelo Banco Mundial (Meta 16: Formar 50% dos professores da educação básica em nível de pós-graduação lato e stricto sensu, garantir a todos formação continuada em sua área de atuação), para assim contrair mais empréstimos, aumentando nossa dependência desses organismos, que faturam trilhões à custa da qualidade de vida dos trabalhadores.

O Pacto é apenas uma nova forma de tentar passar a política educacional oficial dos governos petistas e do Banco Mundial. Dentro deste estudo “direcionado”, existe a propaganda velada do PNE que induz sutilmente à sua aprovação (página 25 do livro Etapa I – Caderno I). O discurso do Pacto mantém a linha do Ensino Médio Politécnico: “Integrar o conhecimento do ensino médio à prática” (página 24 - idem). Mas qual prática? Àquela mesma prática de submissão dos estudantes da escola pública ao mercado capitalista como mão-de-obra barata, impregnando o ensino público do pragmatismo de suprir a carência de mão de obra qualificada para o país, rebaixando conteúdos e desviando verbas públicas para o ensino privado.

Segundo dados da SEDUC, o RS foi o Estado recordista de matrículas no PRONATEC do ano passado. Como vimos, o Pacto está intimamente ligado ao PNE e à imposição da reforma do Politécnico.

Então, pessoal, o que parece bonito, apresentado em cadernos bem organizados e debatido depois que supervisores ganharam “lavagem cerebral” em cursos, pode conter intenções implícitas. É preciso atenção: vamos compactuar com isso, simplesmente porque somos obrigados? E mais: cadê os “200 pila” prometidos aos docentes?

Pensem, pessoal, pensem.


Obs.: Este texto foi feito à base de material disponibilizado pela chapa 4 concorrente ao CPERS, o qual, para mim, reproduz exatamente o que o Pacto quer de nós professores, dos alunos e da educação como um todo.

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